quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Citação de: Corrosivo em 29 de Janeiro de 2009, 20:49 ---Leiam e pensem: o que querem para o Benfica? O texto abaixo é uma transcrição de mais um editorial brilhante do JN Martins da edição de amanhã do jornal O Benfica. É longo mas dá muito que pensar....
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Em 30 de Janeiro de 1954, completam-se hoje 55 anos, os associados do Benfica elegeram pela 3ª vez consecutiva como presidente da Direcção, Joaquim Ferreira Bogalho. Não foi apenas mais um presidente. Foi o presidente que pensou o Clube, como não havia memória desde Cosme Damião se afastara do dirigismo activo. António Ribeiro dos Reis também chegou a ter uma ideia para o Benfica, mas a sua personalidade rectilínea, conjugada com as suas actividades profissionais, querendo manter-se equidistante, não permitiram envolver-se em maior profundidade no clube.
Um estádio. Bogalho chegou á direcção do Glorioso em 15 de Março de 1952 com o firme propósito de conseguir construir um Estádio que dignificasse o Clube. Bogalho era um conhecedor profundo do Benfica, das suas carências e virtudes dos associados (e de como motivá-los). Isto permitiu-lhe elaborar (depois das eleições!) um programa notável de acção para todos os níveis do Sport Lisboa e Benfica. Tinha uma ideia do que queria para o Glorioso e sabia como executá-la. Com mandatos anuais, foi reeleito em 31 de Janeiro de 1953, iniciando-se a construção das obras  do estádio de Carnide em 14 de Junho de 1953.Uma Epopeia. Numa primeira fase, o Clube desenvolveu uma intensa campanha financeira para obtenção de fundos: leilões diários na Secretaria, espéctaculos pró-estádio, sorteios monumentais e mealheiro gigante no Pavilhão do Benfica na Feira Popular, e entre muitas coisas, algumas de carácter cultural, como o concurso de cartazes e ditados populares. Tudo isto com a ajuda do jornal O Benfica, sob a direcção apaixonada do director Paulino Gomes Júnior, que reservava semanalmente as páginas 4 e 5, centrais, com o título "Pró-estádio do Benfica" , para acompanhar o desenvolvimento dos acontecimentos e donativos, noticiando e promovendo as iniciativas futuras. Com a multiplicação dos Festivais Pró-Estádioem vários locais do País, do Minho a Timor, os trabalhos decorreram sem interrupções, em plena exaltação clubistica.
Um dia. Em 30 de Janeiro de 1954, passam hoje 55 anos, ocorreram dois acontecimentos: a reeleição para um terceiro mandato consecutivo do presidente Bogalho e a adjudicação da empreitada para as fundações das bancadas - 1º e 2º anel - por 542 330$00 (2708 euros), mas havia já nos Fundos de Reserva um saldo de 2 336 825$48 (11 669 euros).
Um Clube. Foi uma felicidade (e sorte!) ter um presidente da Direcção como Bogalho, num período de charneira em qualquer colectividade, ao dobrar os primeiros 50 anos da sua existência - as Bodas de Ouro. A data comemorada em 28 de Fevereiro de 1954 foi motivo para inúmeros festejos e actividades. Bogalho tinha uma máxima - "Tudo pelo Benfica, nada contra o Benfica". Conhecedor do meio futebolístico, e desportivo, alertava os nossos atletas para o facto de os adversários, entre atletas, dirigentes e adeptos, mais do que serem de outros emblemas, eram essencialmente de um clube, o "Contra-o-Benfica". Bogalho abominava, no entanto, alguns adeptos, que ele denominava por "BenfiQuistos" e que segundo ele se serviam mais da nossa grandeza (e popularidade) para proveito próprio do que propriamente para engrandecerem (e servirem) o Benfica.Um Futebol. Foi com  Joaquim Bogalho que se reestruturou definitivamente o futebol do Benfica (e depois o de Portugal). Alicerçou-a em quatro grandes conceitos: escolha de um treinador experiente e ambicioso - o treinador Otto Glória; contratação de futebolistas com grande potencial, como por exemplo Coluna; profissionalização dos futebolistas da equipa principal; e instalação dos futebolistas no "Lar do Jogador". Os efeitos inovadores destas medidas sentiram-se logo na
época de 1954/55 com o Gloriosos a conseguir a nossa 2ª dobradinha, onze temporadas depois da primeira em 1942/43.O Estádio. Finalmente, em apoteose, ás 11 horas no dia 1 de Dezembro de 1954, o emocionado presidente, e maior responsável pela passagem do sonho á realidade, Joaquim Ferreira Bogalho, abriu simbolicamente uma das portas de acesso ao novel Estádio, inaugurando um dos mais belos recintos desportivos do Mundo. Tal como era seu desjo, o Estádio no valor de 12 037 638$65 (60 113 euros) estava pago, quando deixou o cargo!Inesquecível. Bogalho deu a sua missão por cumprida em 1957, ficando para sempre no coração de todos os Benfiquistas. Entrara para presidente da Direcção num clube fortemente dividido, com reflexos negativos no futebol do Glorioso, mas deixou uma obra notável - um Estádio, um Ideal e um clube modernizado. Obrigado Presidente.-------------------------------

Acho este texo simplesmente notável. E lendo os sacrificio e o trabalho que este presidente e tantos outros benfiquistas fizeram por este nosso clube só resta perguntar:
Será que honramos a herança que estes grandes homens nos deixaram?Que fazemos nós para evitar que os BenfiQuistos se aproveitem do nosso clube?Como lutamos contra os adeptos do "Contra-o-Benfica"? Será que andamos a levar a melhor? Ou será que andamos com os braços para baixo bem ao contrário de Joaquim Bogalho?Onde andam os Bogalhos e todos aqueles que anonimamente contribuiam nos leilões e nos eventos culturais para que este clube tivesse um Estádio? Somos merecedores da herança que recebemos deles?

--- Fim de Citação ---

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