estágio do Seixal festeja amanhã uma década. Cinco jogadores do atual plantel saíram da fábrica encarnada...
O Benfica comemora amanhã o 10.º aniversário da entrada em funcionamento do Caixa Futebol Campus, o centro de estágio e formação do Seixal, que o presidente Luís Filipe Vieira apelidou recentemente de sua "menina dos olhos", justificando que é ali que está o futuro do clube, sobretudo com a produção de jogadores que alimentem a equipa principal.
Em dez anos de funcionamento foram 19 os jogadores saídos da formação que já atuaram na equipa principal, embora apenas nove tenham feito mais de uma dezena de jogos pela equipa A, estando André Horta à beira de integrar esse lote restrito. Mas mais importante do que isso foram os mais de 100 milhões de receita proveniente de transferências de jogadores formados no Seixal, dos quais a maior fatia foi dada por Renato Sanches, Bernardo Silva, André Gomes, Ivan Cavaleiro e João Cancelo. Uma verba que, feitas as contas, cobre de longe o investimento inicial de 15 milhões de euros da construção do centro de treinos, bem como a sua ampliação e até os custos de manutenção, à razão de cinco milhões de euros anuais.
Desde a época passada aumentou o número de jogadores made in Seixal na equipa principal, sendo atualmente cinco aqueles que se encontram às ordens de Rui Vitória: Ederson Moraes, Lindelöf, André Horta, Gonçalo Guedes e José Gomes. Além dos nomes já citados foram também utilizados na equipa principal Miguel Vítor, Romeu Ribeiro, David Simão, Luís Martins, Roderick, Hélder Costa, Nélson Oliveira, João Teixeira e Nuno Santos.
O centro de estágio coincidiu ainda com um aumento de títulos nas camadas jovens, que contabilizam 51 troféus nacionais e distritais nas diferentes categorias. Isto além de quatro títulos de campeão nacional da equipa principal, aos quais se juntam uma Taça de Portugal, duas Supertaças e seis Taças da Liga.
Uma mudança radical
Quando há dez anos as portas abriram foi o início de uma nova vida para o clube da Luz, que atravessava um período em que as camadas jovens não tinham uma casa e rareavam os talentos. Miguel Vítor, atual jogador dos israelitas do Hapoel Beer-Sheva, fez parte dos juniores que estrearam o Caixa Futebol Campus e conta ao DN as diferenças que sentiu. "Foi uma mudança radical. Antes, andávamos com a casa às costas, treinávamos em campos à volta de Lisboa, alguns deles pelados e outros de relva sintética... foi um período complicado", começou por dizer o defesa, que recordou o início de uma nova era: "Entrar num sítio daqueles permitiu-nos maior qualidade de trabalho. Na altura, foi preciso adaptar algumas coisas à realidade do dia-a-dia e entretanto o centro de estágio cresceu ainda mais e hoje está muito diferente do meu tempo... eu já nem o conheço muito bem."
Na realidade, na última década foi aumentada a capacidade da bancada do campo principal, onde joga a equipa B, de 1500 para mais de 2700 espectadores, foram construídos mais três campos de relva natural, um deles com uma bancada, tendo ainda sido edificados o simulador de treino 360S e as instalações do laboratório de alto rendimento (LAB). No fundo uma pequena cidade que hoje abrange 19 hectares e que Luís Filipe Vieira já prometeu uma nova ampliação para breve, nomeadamente o aumento da capacidade do hotel por forma a poder passar dos atuais 65 para 120 atletas residentes no Caixa Futebol Campus.
João Alves, que treinou os juniores encarnados entre 2007 e 2009, considera que o Benfica dispõe de algo "fantástico" no Seixal. "É um equipamento imponente e importante, onde atletas de todos os pontos do país e de várias nacionalidades podem atingir altas performances. Não lhes falta nada", garante o antigo futebolista do Benfica, que sonha com o momento em que o clube possa "regressar ao passado". "No meu tempo, o plantel principal tinha muitos jogadores formados no clube, como eu, que sentiam o emblema, algo que é muito importante", sublinha, defendendo que quando o Benfica fizer isso em pleno "poderá apenas ir buscar fora um ou outro craque para fortalecer a equipa".
Esta ideia é também defendida por Miguel Vítor que considera "correta a aposta na formação". "Se é investido tanto dinheiro para formar jogadores tem de haver continuidade nos seniores como acontece agora, onde começa a aparecer muita qualidade", acrescenta o defesa-central.
Acompanhamento escolar
Em dez anos de existência, o Caixa Futebol Campus já foi distinguido internacionalmente, quando em 2015 recebeu o prémio de "Melhor Academia do Ano", atribuída pela Globe Soccer Awards.
Um prémio para as instalações, mas sobretudo para o método utilizado para a formação de futebolistas, para o qual contribuem 27 treinadores em atividade diária, que orientam dez equipas de cinco escalões diferentes. No total são 186 jovens a trabalhar diariamente no Seixal, acompanhados por 75 funcionários, entre os quais um gabinete de apoio escolar. Aliás, segundo dados fornecidos pelo Benfica, os atletas do Caixa Futebol Campus têm em média um aproveitamento escolar de pelo menos 90%
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