segunda-feira, 29 de agosto de 2016

JÚLIO CÉSAR

Afastou um pastel de Washington aos 2 minutos e a partir daí concentrou as suas atenções em Salvador Agra, um daqueles tipos que parecem estar na final da Champions sempre que jogam contra o Benfica. Infelizmente para o jogador do Nacional, estava na baliza o único invidívuo que, de facto, jogou uma final da Champions. Tem feito o que pode para chegar ao fim das partidas sem golos sofridos, mas os colegas têm sido pouco solidários com essa causa. No final do jogo voltou a pedir ao Lindelöf que cortasse o cabelo. Estamos solidários.

NÉLSON SEMEDO

A terminologia das lesões é um pouco vaga. Ouvimos muitas vezes falar do trabalho de recuperação no ginásio ou de exercícios na piscina, mas nunca temos acesso a essa realidade a não ser com aqueles vídeos que o Salvio vai publicando no Twitter. Rui Vitória parece ter percebido essa ânsia dos adeptos e voltou a colocar Nélson Semedo em campo. Foi a terceira oportunidade de assistirmos a 90 minutos de trabalho de recuperação física, tática e até mental. Nota-se que ainda entrega muitas vezes a bola como quem diz “desculpem, eu não consigo fazer isto”. Por isso, Nélson, se nos estivermos a ler, temos aqui uma pessoa que te quer dizer umas coisas. Fala, Susana. “Olá Nélson. Não ligues a estes idiotas do Azar do Kralj. As barreiras estão todas na tua cabeça. Foi o que eu sempre disse ao Éder. Quando acreditamos não há impossíveis. Não esperes pelo momento perfeito para aparecer. Pega no momento e torna-o perfeito. A vida é 10% aquilo que nos acontece e 90% o modo reagimos. Sabes como se escreve impossível em inglês? I’m possible. Agora pensa."

LISANDRO

Imperial. Cometeu um ou outro erro na jornada anterior e ouviu umas bocas, mas hoje não deixou passar uma. Se Lisandro fosse porteiro do Lux, não haveria jogador do Nacional que entrasse pela direita. Foi uma goleada em lances divididos. De resto, quem acaba 90 minutos na Choupana a sangrar merece a titularidade. Jardel, que ainda há pouco era titular, já terá pedido a Rui Vitória que o adapte a lateral-direito ou uma merda do género.

LINDELÖF

Não sei se Lindelöf é uma pessoa religiosa, mas o facto é que poucas vezes o vemos olhar para cima durante um jogo de futebol. Hoje teve uma dessas oportunidades quando Tobias Figueiredo subiu a um escadote para marcar o golo que empatou o jogo. É verdade que havia uma caldeirada de choco (alvinegro! perceberam?) na grande área benfiquista, mas mesmo assim pareceu-nos defender mal o lance. Se tivéssemos sentido de estado, diríamos que era necessário apurar responsabilidades e nunca mais se falava no assunto, mas o futebol é um desporto pouco dado a elevação, excepto em lances que exigem o uso da cabeça. Fonte do Azar do Kralj diz-nos que Lindelöf não sabia que Tobias Figueiredo se encontra emprestado pelo Sporting. Se assim é, acrescente-se mais uma regra ao regulamento: a partir de agora emprestados pelo Benfica não jogam e emprestados pelo Sporting jogam de verde e branco. Pela verdade desportiva, amigos.

GRIMALDO

Teve momentos na primeira em que pareceu estar prestes a actualizar o seu Facebook para “in a relationship with Pizzi”, tal foi o bom entendimento que conseguiu aqui e ali, sempre a ziguezaguear entre a esquerda e a zona interior. Ataca melhor do que defende, e defende melhor em pressão alta, que é como quem diz, vê lá se atinas que esta merda não é o Barcelona B. Exibiu por vezes um misto de desconcentração e bazófia que, a manter-se, poderá dar uma oportunidade ao cliente favorito do Sabor Mineiro.

FEJSA

Terror de te amar (versão adaptada)
Terror de te amar num sítio tão frágil como o meio-campo benfiquista 
Mal de te amar neste lugar de imperfeição 
Onde tudo nos quebra e emudece 
Onde tudo nos mente e nos separa (especialmente o Washington)
Que nenhuma estrela queime o teu perfil 
Que nenhum deus se lembre do teu nome 
Que nem o vento passe onde tu passas
Mas principalmente que nenhuma lesão te impeça de jogar.
Para ti o mister Rui Vitória criará um dia puro 
Livre como o vento e repetido 
Como o florir das ondas ordenadas.
Desculpa, Sophia. Faz-nos um filho, Ljubomir.

ANDRÉ HORTA

A melhor descrição da relação entre André Horta e uma bola de futebol foi escrita em 2004 por Pacman dos Da Weasel na canção re-tratamento: "Olá nina quero tratar de ti, dar-te o mundo e o outro, tenho tudo aqui, Chega só um pouco perto de mim, acredita que nunca me senti assim”. É mesmo amor aquilo, não estamos a exagerar. Entre ele a e bola. Entre nós e o André, bom, ainda não descobrimos que ressona ou que acorda com hálito de dragão, portanto diremos apenas que, não obstante ser uma coisa linda de se ver quando a chuteira entra em contacto com a bola, voltou a eclipsar-se do jogo e é uma das razões por que o meio-campo benfiquista está a cobrir pior. Case in point? Celis cobriu melhor. Iê Iê, na na na na, iê.

PIZZI

16 minutos de jogo e o Benfica registava a módica quantia de 0 remates à baliza. Pizzi continuava descontente com a sua exibição a 9 na jornada anterior e quer mostrar que a equipa não está dependente de Jonas para marcar golos. Consegue demonstrá-lo de forma exemplar, com um livre a 3 quilómetros da baliza que pinga na pequena área, passa por um guarda-redes com nome de empregado bancário (Rui Silva), toca na canela de um tipo com nome, esqueçam, Ali Ghazal não é nome de nada, e cai redondinha na baliza. Dependentes de Jonas? Qual quê. Dependentes de nada nem ninguém. Dêem-lhe uma bola, um guarda-redes aselha e a perna de um adversário. Pizzi trata do resto.

SALVIO

Há uma semana questionámos a nomeação de Salvio para melhor em campo. É normal que nos queiram julgar. Por isso recorremos À defesa do conhecido caso dos anos 90 The People vs. Pimenta Machado e diremos apenas: o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira. Aguentem-se. Sim, hoje foi o melhor em campo. Sim, continua a correr que nem uma barata tonta, mas hoje pareceu crescer a cada minuto que passava. Tornou-se uma barata muito mais objectiva, das que sobrevivem a todos os desaires e cá estarão muito depois de vendermos o Lindelof ou o André Horta, certamente depois de o Celis e o Cervi serem emprestados ao Wolverhampton e ao Getafe. Sim, hoje foi o Salvio que nos dá vontade de lhe chamar Toto. Que se mantenha por muitas e boas jornadas.

RAÚL JIMÉNEZ

Tocou mais vezes numa bola em 45 minutos de jogo do que Mitroglou nos últimos 4 anos da sua vida. Esfalfou-se a fazer múltiplas diagonais, curvas, elipses e circunferências em campo, que foram libertando colegas e escancarando uma ou outra avenida no campo. Podíamos dizer que às vezes tem dificuldade com formas esféricas, mas aquela passe para o Salvio calou-nos bem caladinhos. Ainda não é BFF de Jonas, mas deixem-nos combinar mais uns churrascos e a coisa faz-se. É com elevado grau de segurança que afirmamos que Jiménez jamais será Bola de Ouro, mas hoje mereceu aquele golo mais do que qualquer outro jogador em campo. E, talvez, um lugar no onze titular.

JONAS

Prometeu voltar melhor do que nunca, mas não cumpriu. A culpa não é dele. Como se viu ao longo dos 90 minutos, não devia ter voltado já. Assim voltou só igual a si mesmo, ou ligeiramente pior, sem a parte de marcar um golo a cada duas bola que lhe chegam aos pés. Não obstante, participou no jogo ofensivo e defensivo da equipa com outras qualidades que se lhe reconhecem, tornando-se o primeiro jogador da Liga Nos 2016/17 a receber uma bola de um canto com o peito. Por acaso não marcou, e por acaso não fez mal. Celebremos apenas o facto de aqueles dois pés já poderem pisar um relvado novamente. Não sabemos quem criou a expressão “finíssimo recorte técnico”, mas há dois jogadores no Benfica que lhe fazem jus: Jonas e André Horta, dois homens que seriam capazes de convencer uma bola a participar num ménage à trois.

CELIS

A "estrutura” do Benfica precisa urgentemente de um cabeleireiro. Este Celis é a gota de água. Entrou para o lugar de André Horta e defendeu um pouco melhor. Faz lembrar Fernando Redondo lesionado, ou Javier Mascherano se tivesse uma perna mais curta que a outra.

CARRILLO

Voltou a ser suplente utilizado marcou o golo que colocou o Benfica na rota da vitória. Teve direito a cântico - “E o Carrillo é lampião, e o Carrillo é lampiãô-ô!”. Bem melhor que o cântico da semana passada - “Queres ver que temos mais um Taarabt?”. Aos 86 minutos aproveitou o facto de agora jogar no Benfica e encaixou o cotovelo no rosto de um adversário. O jogo terminaria sem que o árbitro tivesse oportunidade de admoestar o peruano.

GUEDES

8 minutos em campo. Um remate perigoso e uma tentativa de passe para as costas da defesa alvinegra que nem no FIFA resultaria.
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