segunda-feira, 23 de maio de 2016













A Equipa da Vencedora da Taça Latina


COMPLETAM-SE HOJE 83 ANOS DO NASCIMENTO DE NALDO. 17 DE NOVEMBRO DE 2015 PODERÁ SER, TAMBÉM, o 83.º ANIVERSÁRIO DO GLORIOSO DEFESA-ESQUERDO DOS ANOS 50.

Esta evocação de hoje é não só uma justa homenagem (mais lembrança e recordação) de um glorioso futebolista injustamente esquecido, mas também, tornar pública uma efeméride na tentativa de saber mais de um futebolista que “desapareceu do mundo da bola" quando saiu do Benfica, em 1958.


Naldo: No Terceiro Anel?
Este é daqueles gloriosos futebolistas que há muito procuro saber mais acerca do seu percurso, antes e depois, de ter honrado o “Glorioso” mas que nada tenho conseguido. Daí ter optado por assinalar mais os 83 anos do seu nascimento do que o seu 83.º aniversário que não sei se será real, pois não sei se ele ainda se encontra na condição de espectador do Benfica (e do futebol).




Entrevista ao jornal "O Benfica"

José Joaquim Naldo
Nasceu em Moçambique, creio que em Lourenço Marques, actual Maputo, em 17 de Novembro de 1932, há precisamente 83 anos. Foi da colectividade desportiva “independente” local: Clube Ferroviário de Lourenço Marques que foi contratado pelo Benfica no início da temporada de 1954/55. Este clube laurentino era dos poucos que não tinha ligação aos clubes da então Metrópole (Portugal europeu). O CD Lourenço Marques era delegação do Benfica, o Sporting Clube de Lourenço Marques era filial do Sporting CP, o GD 1.º de Maio estava ligado (filial?) ao CF “Os Belenenses” e o CD Malhangalene tinha forte ligação (filial?) ao FC Porto.

1954/55. Na festa de homenagem e despedida a Rogério. De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Ângelo, Alfredo, NaldoCalado, Caiado e Costa Pereira; Francisco Palmeiro, Arsénio, Coluna, Salvador e Rogério. Estreia com o "Manto Sagrado" de Alfredo, Naldo, Costa Pereira e Coluna. Última vez com o "Manto Sagrado" de Rogério

Em 1954/55 o Futebol Benfiquista mudou
Foram inúmeras as alterações que o presidente Joaquim Ferreira Bogalho decidiu fazer na organização do Futebol. Uma revolução. Entre muitas resoluções, com a profissionalização do futebol, houve necessidade de dispensar inúmeros futebolistas e contratar outros tantos. Chegaram de vários locais de Portugal, da Europa a África. Logo para iniciar a temporada e colmatar a saída de Glórias do Benfica, como Rogério, Rosário, Moreira ou Félix, já suspenso desde o início da temporada, o Benfica contratou em Moçambique três futebolistas que, para o treinador Otto Glória, teriam amplas possibilidades de conseguirem a titularidade: Coluna (da delegação do clube em Lourenço Marques) e dois futebolistas do Clube Ferroviário: o guarda-redes Costa Pereira e o defesa-esquerdo José Naldo. Já com a temporada a decorrer, em Dezembro de 1954, embora apenas se estreasse em Janeiro de 1955, ainda seria contratado, ao Sporting Clube de Lourenço Marques, mais um moçambicano: Leonel Vasco Oliveira Pegado.

1954/55. Estreia no campeonato nacional. De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Ângelo, Jacinto Marques, Naldo, Artur Santos, Francisco Calado e Costa Pereira; Arsénio, Fernando Caiado (capitão), Coluna, Salvador e José Águas  

Primeira temporada: 1954/55
Naldo estreou-se no segundo encontro da temporada. O primeiro foi a inauguração do estádio Pina Manique, do Casa Pia AC. Neste segundo encontro, a festa de homenagem a Rogério Lantres de Carvalho, estrearam-se Costa Pereira, Naldo, Alfredo (vindo do Clube Oriental de Lisboa com Rogério a seguir para este clube) e Coluna. Naldo manteve-se na equipa que fez a estreia no campeonato nacional. Nas onze jornadas iniciais foi o defesa-esquerdo inquestionável. Foi nesta posição que inaugurou a “Saudosa Catedral” em 1 de Dezembro de 1954. Seguiram-se mais dois jogos particulares na tentativa de recuperar de mazelas mas depois de onze jogos para o campeonato nacional regressou episodicamente na 18.ª jornada, em 13 de Fevereiro de 1955, para ficar afastado um ano. Nesta temporada o Benfica sagou-se campeão nacional, com Naldo a disputar doze das 26 jornadas, sempre como defesa-esquerdo.

Segunda temporada: 1955/56
Depois de um ano afastado da equipa principal regressa para quatro jogos consecutivos, sempre como defesa-esquerdo, entre a 13.ª e a 16.ª jornadas do campeonato nacional, precisamente as que se disputaram entre 8 e 29 de Janeiro de 1956. Cada vez mais limitado fisicamente, o Benfica (Otto Glória) decide que Ângelo dá mais garantias, passando esta Glória do Benfica a fixar-se como defesa-esquerdo.

Terceira temporada: 1956/57
Reservista faz três jogos na equipa de Honra: em 25 de Novembro de 1956, na 11.ª jornada do campeonato nacional e na eliminatória, a duas mãos, frente ao SCU Torreense, para os quartos-de-final da Taça de Portugal, em 25 e 28 de Abril de 1957. Numa época excepcional, com “dobradinha”, Naldo contribui com um jogo para o campeonato e dois para a Taça de Portugal, sempre como defesa-esquerdo.

Quarta temporada: 1957/58
Inicia a época de 1957/58 como reservista, estando na espectacular (e injustamente esquecida) vitória, por 4-0, em 5 de Setembro de 1957, frente ao FC Barcelona, no estádio do Restelo. Em 15 de Setembro de 1957, na 2.ª jornada do campeonato nacional, fez aquele que seria o último encontro na categoria de Honra, como defesa-esquerdo da equipa que jogou essa 2.ª jornada, para Naldo a 18.ª (12 + 4 + 1 + 1) no campeonato nacional. Ainda a maio desta temporada decidiu regressar a Moçambique, para jogar no Sporting Clube de Lourenço Marques. Depois... nada mais sei do que se passou. E gostava de saber mais, muito mais...


1954/55. Inauguração da Saudosa Catedral; 1.º de Dezembro de 1954. De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Angelino Fontes (massagista), Costa Pereira, Jacinto Marques, Ângelo, Naldo, Fernando Caiado, Artur Santos,  Bastos e Otto Glória (treinador); Francisco Palmeiro (autor do 1.º golo do SLB), Coluna, José Águas, Francisco Calado e "Du Fialho" 
Poucos jogos para quatro épocas
Jogou essencialmente na categoria Reserva, mas competiu em 28 jogos - 18 no campeonato nacional, dois na Taça de Portugal e oito particulares (um frente ao FC Barcelona) com um total de 2 185 minutos com o "Manto Sagrado". Contribuiu para a conquista de três títulos: dois campeonatos nacionais (1954/55 e 1956/57) e uma Taça de Portugal (1956/57).


A ideia é que foram as lesões que o afastaram do Futebol
Mas isso é apenas uma suposição. Que fizeram com que “desaparecesse”. Era bom que se soubesse o que é feito dele. 

Seja como for, embora não se possa dizer que Naldo tenha atingido tal estatuto:

Glória a Naldo. Duas vezes campeão nacional.


Alberto Miguéns

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