A transparência de Bruno
por MANUEL QUEIROZHoje
Parece
um bocadinho estranho, para dizer o mínimo, que o presidente de um
grande clube como o Sporting aceite ir a um programa como o
"Prolongamento", da TVI 24, sobretudo porque estava previsto um
confronto sem lei com uma figura menor como Pedro Guerra, diretor de
conteúdos da Benfica TV, funcionário parlamentar do CDS. A coisa acabou
aos gritos e insultos, literalmente. Como se previa. Mas o presidente do
Sporting, que de facto chegou ao poder sem que os jornalistas fizessem o
trabalho de saber de onde vinha, fez algumas revelações. A três semanas
do dérbi, o Benfica foi alvo, entre outras coisas, por causa de prendas
a árbitros - uma camisola histórica do clube, uma entrada para o Museu e
um voucher para quatro refeições num restaurante para cada árbitro,
assistentes, quarto árbitro e dois delegados. Parece excessivo como
liberalidade - como bem notou BdC, o preço de uma refeição depende muito
do que se bebe. E por muito que não se acredite que compre alguém
assim, deve haver limites e há bom remédio: os clubes fazerem na Liga um
regulamento para as prendas, especificando tudo. Na parte mais séria,
BdC disse que o Sporting tem direito a levar a tribunal os contratos com
que não concorda - e nisso tem razão. Não é conhecido o contrato da
Doyen com o Sporting sobre Rojo, mas é facto que alguns desses acordos
estão no limite do aceitável.Outra coisa é dizer que a ligação do
Sporting ao Recreativo da Caála para a contratação de Bruno Paulista era
transparente e clara. BdC fez há dias um longo discurso na Assembleia
Geral do Sporting e não fez nenhuma alusão a esse acordo tão estranho. É
que se percebem mal as diferenças entre o acordo com o clube angolano e
um contrato com um fundo qualquer. Sobretudo para quem fez disso, a
certa altura, a sua grande batalha pela transparência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário